o meu umbigo é grande.
do tamanho de meu talo.
na mesma proporção que sou mendigo sou glutão.
apenas falo do que sinto. minha privacidade diluída.
o que acontece é me sei tao pouco,
e sempre acabo encontrando o limite dos outros em mim,
e minha repetição.
e aí eu invento outras coisas,
que sao formas de dar nomes e olhar diferente,
olho como se fossem novas, minhas velhas coisas.
é como olhar um velho brinquedo:
olho meu hábito.
(até me lembro de quando meu brinquedo era tudo em minha infancia).
e a partir daí nao posso deixar nem me perder no vácuo de brincar,
nem acreditar demais naquilo que vejo, levar a serio, esquecer que é um brinquedo.
nao posso ser, nem uma criança adulta, nem um adulto criança:
preciso ser um Adulto que tem uma criança:
uma Criança que tem um adulto.
Com tudo de bom que tem cada um deles...
"Quanto antes a poesia e a prosa se encontrarem em um dialogo. Quanto antes poder-se estudar o copor tanto quanto o livro. E neste ver sem vendas, neste escutar, descobrir-se-ia a conjuncao das retas no infinito. o paradoxo, enfim."
Critica
"É interessante o estilo de Almoahed. Direto. propõem uma mística renovada. despida de todo conflito moral do dogma nos propõem a vida languida. e daí dispropoem o Deus que inventa a cada linha. (...) 'Deus oh Deus onde estás que não respondes? nos montes, nos vales, no luar... esta parece ser a resposta deste."
Lenço
Laços encadernados, fotos, lembranças. o mundo é concreto.
- Mais concreta é minha cabeça.
lenços voam com o vento. é inverno,
sao as festas de domingar.
propicio dia.
os invernos se passam,
se passa o tempo passas,
se o cais é sempre o mesmo, o barco oscila na vaga.
Levo comigo, o pudor.
o mundo na pressa de seguir,
e eu nos pés no chão,
rezando, para que nos esqueçamos de deus.
- Mais concreta é minha cabeça.
lenços voam com o vento. é inverno,
sao as festas de domingar.
propicio dia.
os invernos se passam,
se passa o tempo passas,
se o cais é sempre o mesmo, o barco oscila na vaga.
Levo comigo, o pudor.
o mundo na pressa de seguir,
e eu nos pés no chão,
rezando, para que nos esqueçamos de deus.
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